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Afinal, o que é a cultura do cancelamento? Entenda aqui

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Afinal, o que é a cultura do cancelamento? Entenda aqui

O “Tribunal da Internet” desenvolveu um modo de operar nas redes sociais conhecido como cultura do cancelamento. O movimento incentiva as pessoas a pararem de apoiar personalidades ou empresas (públicas ou privadas, do meio artístico ou não) em função de um erro cometido ou de uma conduta reprovável.

Essa forma de apontar os deslizes das pessoas gera importantes discussões sobre temas relevantes para a nossa sociedade, como racismo, misoginia, homofobia, xenofobia e questões ambientais. Porém, os ataques virtuais podem provocar a disseminação do discurso de ódio, além de afetar drasticamente a vida de quem foi cancelado.

Será que a cultura do cancelamento é o melhor jeito de discutir os comportamentos equivocados ou repreensíveis das pessoas? Quais são as consequências para a saúde mental de quem passa por isso? Continue comigo, pois esse é o tema do nosso papo aqui!

O que é a cultura do cancelamento?

A cultura do cancelamento é um movimento que estimula o boicote a pessoas, marcas ou empresas que agiram de formas censuráveis. Em geral, os erros cometidos envolvem machismo, LGBTfobia, racismo e, mais recentemente, os comportamentos que incorrem riscos à saúde pública.

Na prática, funciona assim: uma pessoa que usa as mídias sociais (Facebook e Twitter, por exemplo) presencia um ato que considera errado, faz uma foto ou um vídeo e posta em seu feed marcando a empresa empregadora e o perfil do denunciado.

Quando olhamos para o significado da palavra “cancelar”, entendemos a ideia do movimento, que visa “tornar algo nulo, sem efeito, sem valor”. Ou seja, o que se quer é que as personalidades ganhem menos visibilidade e parem de receber dinheiro pelo seu trabalho, porque não estariam de acordo com os valores que a sociedade busca hoje em dia.

De fato, há comportamentos que não são mais aceitos, e a população cobra por posicionamentos responsáveis, especialmente de famosos, que têm um grande alcance na mídia e impactam milhares de pessoas com suas opiniões.

Movimento #MeToo

Ao que parece, a cultura do cancelamento teve origem com o movimento #MeToo, cujas vítimas denunciavam o assédio ou o abuso sexual vivenciado em Hollywood. A iniciativa viralizou no Twitter em 2017.

Contudo, coisas banais, divergências naturais e opiniões contrárias (como postar que não gosta de algo muito popular ou falar mal de um cantor pop muito famoso) também pode ser alvo do ato de cancelar.

Então, em vez de promover um debate saudável sobre os temas, a cultura do cancelamento se reduz à ameaça ao emprego e às formas de subsistência (atuais e futuros) de quem é cancelado. No lugar das críticas construtivas e do diálogo transformador, o que vemos são comentários revestidos de ofensas e acusações igualmente cruéis.

Como essas atitudes impactam a saúde mental de quem é cancelado?

Embora a cultura do cancelamento seja mais notória com famosos (J. K. Rowling, Woody Allen, Gabriela Pugliesi, Karol Conká etc.), esse rechaço pode ocorrer com qualquer pessoa. E, ao contrário das personalidades, que têm recursos financeiros, assessoria de imprensa e equipes de terapeutas para as ajudarem a lidar com os problemas, as pessoas comuns sofrem com os linchamentos virtuais e suas consequências na vida fora das telas.

Um exemplo é o do americano Emmanuel Cafferty, que foi demitido duas horas depois de ter uma foto sua divulgada na internet por estar supostamente fazendo um gesto racista, quando só estava estalando as juntas dos dedos. Assim como todas as outras pessoas que são vítimas da cultura do cancelamento, Emmanuel não teve chance de se explicar.

Isso porque os juízes da internet são impiedosos: investigam o passado do acusado, atacam a sua reputação e dispensam a sua defesa. A sentença desse tribunal? Humilhação pública e perda de dinheiro. Nos casos mais severos, desemprego e ostracismo ao cancelado.

Ainda, os ataques extrapolam os limites virtuais e alcançam a vida real das pessoas. Não é raro vermos notícias de ameaças e encorajamento de violência física aos cancelados e a seus familiares. Isso mostra a incoerência da cultura do cancelamento, já que muitas pessoas cometem os mesmos erros que estão repugnando em quem é denunciado.

Efeitos psicológicos

Sofrer esse tipo de rejeição massiva pode ser o estopim para sérios problemas à saúde mental de uma pessoa. Com o isolamento forçado e o desprezo de conhecidos e desconhecidos, a vítima pode desenvolver Transtorno de Pânico, Transtorno de Ansiedade Social e depressão profunda.

O ato de cancelar também estimula uma crise existencial e a busca incessante por uma perfeição que não existe, que pode impedir a vítima de aceitar os seus defeitos. Afinal, somos animais altamente sociais. Procuramos ser aceitos e amados e não queremos ser rejeitados ou restringidos.

Como lidar com a cultura do cancelamento?

Por causa desse tribunal inquisidor e das suas punições, muitos artistas já seguem um tipo de manual de comportamento online para afastarem os riscos de criarem polêmicas com seus nomes. Entre os famosos, a maioria consegue dar a volta por cima, vide a cantora Anitta, que já foi cancelada inúmeras vezes e desenvolveu resiliência.

É mais fácil contornar a situação quando se tem muita visibilidade (já que as contas nas redes sociais são suspensas, e não deletadas) e um “colchão de proteção” à volta, formado por advogados caros e equipes inteiras para defender-se e dar orientações psicológicas de como proceder. Para os anônimos e os influenciadores no início de carreira, no entanto, o quadro tende a ser pior.

Para lidar com a forte rejeição na internet e as consequências do cancelamento, é essencial procurar a ajuda de um psicólogo. Nas sessões de terapia, o psicólogo pode entender o que está causando de fato o transtorno mental e consegue desenvolver técnicas para que o paciente aprenda a lidar com as adversidades ao seu redor.

É importante, também, que a gente faça uma reflexão sobre o que está acontecendo nas redes sociais. Em vez de tomarmos um fato isolado como o todo, rotulando e julgando as pessoas segundo as nossas métricas, precisamos nos lembrar da pluralidade de cada indivíduo e das diferenças que nos fazem únicos.

Como você viu, mesmo que muitos clamem a cultura do cancelamento como uma forma de justiça social, os atos de rejeição massiva afetam profundamente a saúde mental de quem é cancelado nas redes sociais e fora delas. O acompanhamento psicológico é fundamental para que a vítima e seus familiares superem as consequências do ocorrido.

Você tem recebido algum ataque ou injúria desse tipo? Não se martirize nem sofra em silêncio. Entre em contato conosco e saiba como podemos te ajudar!

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Comentários (4)

  • Silvano Reply

    Excelente matéria e muito necessaria. Parabens.
    Cultura do cancelamento é a união da crueldade e da hipocrisia, curiosamente e ironicamente vindo de uma massa que se considera correta, evoluída e cheia de valores. Reduzir as pessoas ao erro ou defeitos delas e as segregar, demonizar e massacrar. Claro que cada caso é um caso, mas isso nos mostra que a tal “liberdade e democracia” acabam não passando de teoria e ficção, pois as pessoas (especialmente da classe artística) são reduzidas a produtos, manequins, onde tudo que se fala deve ser do agrado da maioria alienada, fazer média ou conseguir likes e patronicios. A liberdade (inclusive de errar) é extinta por essas pessoas cruéis e que muitas vezes estão mais doentes que as que elas estão criticando.

    4 de junho de 2021 at 19:23
  • NEIDE ALVANICE BORGES SIMAS SOUZA Reply

    Preciso de ajuda!

    28 de junho de 2021 at 14:19
  • NEIDE ALVANICE BORGES SIMAS SOUZA Reply

    Preciso de ajuda

    28 de junho de 2021 at 14:20
  • GYZELLE PINTO FERNANDES DA COSTA Reply

    EXCELENTE matéria!!

    30 de novembro de 2021 at 12:59

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