O que é a hipersonia? Entenda mais sobre ela
Os distúrbios do sono estão cada vez mais presentes na sociedade, e o mais conhecido deles é a insônia, que atinge mais de um terço dos brasileiros. Mas você já ouviu falar da hipersonia? Nessa condição, a pessoa sente um sono incontrolável, mesmo que tenha dormido bem na noite anterior.
Embora pareça inofensiva, essa desregulação afeta o humor e a capacidade de concentração, interferindo no desempenho profissional e nas relações íntimas de quem a sofre, além de aumentar o risco de acidentes. No fim, o transtorno pode impactar a autoestima do indivíduo e prejudicar a sua qualidade de vida.
Pensando em esclarecer o assunto, escrevi este post para você! Por aqui, você vai entender o que é hipersonia, quais são as suas causas e como tratá-la. Boa leitura!
O que é a hipersonia?
A hipersonia, também conhecida como sonolência excessiva diurna (SED), é a condição que faz o indivíduo sentir um sono exacerbado durante o dia e ser incapaz de se manter alerta nos principais períodos de vigília. Como resultado, ele pode ter lapsos de sono não intencionais e dormir por tempo prolongado à noite ou ao longo do dia.
Note que a hipersonia não deve ser confundida com a narcolepsia, em que há perda súbita do tônus muscular (entre outros sintomas), nem com a fadiga, cuja manutenção dos movimentos motores e da energia mental se torna mais difícil à medida que o tempo de duração da tarefa aumenta. Neste último caso, a recuperação requer repouso, e não sono.
A gravidade da SED varia de pessoa para pessoa, podendo se apresentar de forma leve ou grave. No primeiro caso, a sonolência se manifesta pela distração; no segundo, amnésia, comportamento automático, lapsos involuntários de sono e alterações neuropsicológicas e cognitivas podem surgir.
Na maioria das vezes, a pessoa não tem nenhuma dificuldade para dormir. Porém, mesmo com boas horas de sono, o cansaço e a sonolência não se dissipam, e o desafio é levantar-se. Como consequência, ela se sente confusa, irritada e desatenta, e essa falta de concentração a deixa mais vulnerável a sofrer acidentes de trânsito e de trabalho.
Principais sintomas
Assim como a insônia crônica, a hipersonia é considerada patológica se os sintomas forem observados por mais de três meses. Para um diagnóstico correto, é importante consultar especialistas em Medicina do Sono, mas eu separei aqui os sinais mais recorrentes:
- necessidade de dormir cerca de 10 horas por noite ou mais;
- dificuldade para acordar;
- cansaço durante o dia;
- desorientação;
- exaustão;
- perda de memória;
- falta de concentração;
- bocejo constante;
- irritabilidade.
Quais são as causas desse distúrbio?
As causas da hipersonia são classificadas em três grupos:
- hipersonias primárias de origem central — contemplam a narcolepsia e a hipersonia idiopática;
- hipersonias secundárias — contemplam a privação do sono, os distúrbios respiratórios do sono, os distúrbios do movimento sono-relacionados e os distúrbios do ciclo circadiano;
- condições médicas e psiquiátricas (como depressão), efeito de medicamentos, doenças neurodegenerativas.
A seguir, falo melhor sobre essas causas. Veja só.
Doenças do sono
As doenças relacionadas ao sono podem levar ao desenvolvimento da hipersonia, e a maioria dos pacientes que se queixam de sonolência excessiva têm esses distúrbios como causa. Entre os principais, estão a apneia do sono e a Síndrome das Pernas Inquietas.
Doenças clínicas e psiquiátricas
A ocorrência de doenças clínicas e condições psiquiátricas deve ser sempre investigada em pacientes que reclamam de SED, já que elas podem coexistir ou agravar outros quadros clínicos. Por exemplo, uma pessoa com hipotireoidismo tende a ganhar peso e, dessa forma, pode piorar a sua apneia do sono.
Outras causas clínicas que têm potencial de agravar a hipersonia são a anemia ferropriva, a doença de Parkinson, a Síndrome de Cushing, os tumores, a fibromialgia e a insuficiência hepática e renal.
Também é essencial prestar atenção aos quadros psiquiátricos, como Transtorno de Ansiedade Generalizada, distúrbios do humor e depressão. Nesses casos, por exemplo, pode acontecer de a depressão levar à hipersonia, resultando no prejuízo funcional da pessoa. Ou o oposto, devido à redução da funcionalidade e à perda de qualidade de vida.
Uso de medicamentos
Diversas substâncias podem desencadear a hipersonia, e o uso de drogas lícitas e ilícitas deve ser sempre considerado para se chegar ao diagnóstico correto e direcionar o tratamento.
Álcool, maconha, antialérgicos, antidepressivos, sedativos/hipnóticos e anticonvulsivantes devem receber especial atenção. Embora tais substâncias possam ser a principal causa da hipersonia nesses casos, é preciso avaliar muito bem a sua retirada da rotina do paciente, para que se estabeleça uma relação de risco-benefício segura.
Então, se você faz uso de algum desses medicamentos, jamais interrompa o tratamento sem conversar com o seu médico, ok? Isso é para não sofrer a abstinência nem outros efeitos indesejados.
Hipersonia de origem central
Se, após as investigações a respeito das causas da SED, não forem identificadas as causas que relatei acima ou mesmo se os sintomas forem de hiperfagia, hipersexualidade ou cataplexia, é preciso pensar na possibilidade de hipersonia primária de origem central.
Nesse caso, a hipersonia é caracterizada por um distúrbio no sistema nervoso central, em que os períodos de sono são prolongados e, mesmo assim, há sonolência excessiva depois do descanso. A pessoa costuma dormir de 10 a 14 horas por noite, mas tem enorme dificuldade para acordar e se sente sonolenta o resto do dia.
Como tratar a hipersonia?
O tratamento da hipersonia segue duas linhas complementares: medicamentosa e comportamental. Antes de definir o modo de tratar, é necessário realizar alguns exames que confirmem o quadro clínico, como polissonografia, hemograma, ressonância magnética e tomografia.
Depois disso, remédios que promovam a vigília podem ser administrados, mas é fundamental ter em mente que tanto a prevenção quanto o tratamento da SED passam pela mudança de hábitos e do estilo de vida. Será preciso, por exemplo, estabelecer uma nova rotina, com cochilos programados ou horário de trabalho flexível.
Além disso, sempre recomendo aos pacientes que:
- tenham uma alimentação saudável e balanceada;
- pratiquem exercícios com regularidade;
- jantem moderadamente;
- façam a higiene do sono;
- durmam em um ambiente escuro e silencioso;
- evitem abusar do álcool;
- não usem medicamentos estimulantes sem prescrição médica.
O acompanhamento de um psicólogo é sempre benéfico, pois durante as sessões de terapia a pessoa consegue identificar os fatores externos e internos que estão causando danos à sua saúde física e mental. A Terapia Cognitiva Comportamental pode ajudar muito nesse caso, justamente porque foca as dificuldades do momento presente da vida do paciente e promove uma edição dos comportamentos destrutivos.
Como você viu, a hipersonia é uma condição séria, que nada tem a ver com preguiça ou apatia. O distúrbio não tem cura, mas com algumas mudanças na rotina e o tratamento adequado, é possível controlá-lo e ter de volta a qualidade de vida.
Aliás, já que citei a TCC, saiba agora o que é a Terapia Cognitiva Comportamental e como ela pode te ajudar!
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